EM CRATELANDIA II

Feliz pra cá vim um dia,
Isso já em priscas eras,
Não pensei que moraria
Na cidade das crateras.

Nem falo da minha rua
Onde gosto de morar.
Se um dia eu for à lua
Já saberei como andar.

A Cachoeira da Prata,
Rua atabalhoada,
Eu vou dizer bem na lata:
Só tem buraco ou lombada.

A prefeitura alivia
E fecha a buracada.
Mas se a chuva principia,
Surge de novo a cambada.

Algumas das nossas vias,
Falta de verba eu n’entendo!
Estão contados seus dias,
Não suportam mais remendo.

Já enfeitaram buracos
Com motivos natalinos.
Quem armou esses “barracos”
Foi pensante, não meninos.

Tem gente que já torceu
Joelhos e tornozelos.
E até solados perdeu
Por causa dos desmazelos.

O descuido com a cidade
Sai em seu cartão postal?
Pois revela, na verdade,
Incúria municipal.

As calçadas, que vexame!
Para quem delas depende.
E por mais que se reclame,
Ninguém nunca o atende.

É lixo, entulho e matos.
Quinquilharia à vontade.
Cadeira mesa, artefatos
De toda variedade.

E o espaço para o povo
Que busca por segurança?
O desrespeito é um estorvo
Para o velho e pra criança!

Se uma lei inda não há
Precisa haver. É um meio
Para poder penalizar
Quem não cuida do passeio.

Têm que multar infratores
De não cuidar dos passeios.
Criem leis vereadores,
Do povo ouçam os anseios!

Pelo menos cimentar
Para o mato não crescer.
Pro povo não machucar
Ao para a rua descer.

Bem às margens da lagoa,
Frente ao Banco, na calçada,
Já existe, numa boa,
Uma colônia montada.

Ali vendem, dormem, comem
E fazer necessidades.
Moram lá mulher e homem,
No coração da cidade.

O local, já dominaram,
Não precisam de socorro?
Lá até já colocaram
A casinha do cachorro.

Noutra rua um caminhão
Sem rodas e sem motor.
Vende abacaxi do bão.
Nele mora o vendedor.

O trabalho enobrece
Seja lá qual ele for.
E a gente nunca se esquece
Da caridade e do amor.

Porém é uma cidade
Que de cuidados carece.
E o povo, na verdade,
De mais carinho merece.
Falar do sistema prova
A minha boa intenção.
Estou usando a trova
Pra fazer reclamação.

Porque sei que muita gente
Quer falar, porém não fala,
Com medo do dirigente.
E por receio se cala.

Eu me meto nesse embrulho
Sem pretensão de ofender,
Porque quero ter o orgulho
De à urbe pertencer.

Acho até que seria
De bom alvitre fazer
Uma réplica sadia
Ao que acabo de dizer.

A cidade bem que trata
De muitas outras questões.
O urbanismo maltrata,
Sem ler as reclamações.

Estou postando estas trovas
Cumprindo o meu dever.
As entradas da são as provas:
São só para inglês ver.

Não estou sozinho nesta
Trovada reclamação.
Mas muita gente protesta
Da trope situação.

Sou só eu sou o responsável
Por essa reclamação.
Alguns não acham viável
A inútil proposição.

por Wanderlei Guedes da Silva
Wguedesilva@gmail.com