Inverno chega nesta terça-feira no Brasil

Pesquisador da Embrapa aponta panorama da nova estação

20/06/22 - 09:29

 Foto: Átila Kassius
Foto: Átila Kassius

Depois de tantos dias usando blusas e cobertores só agora estamos entrando oficialmente na estação mais fria do ano, o inverno, a partir desta terça-feira (21). O pesquisador da Embrapa, Daniel Pereira Guimarães, que estuda os efeitos do clima na agricultura, explicou com exclusividade ao Jornal Sete Dias, todo o panorama da nova estação:

“As estações do ano têm início nos seus auges e vão se dissipando até atingir o auge da próxima estação, que será a primavera. É como se começasse a festa de aniversário cantando os parabéns. Na verdade, o eixo de rotação da Terra faz movimentos cíclicos durante sua trajetória em torno do sol e a exposição em relação aos raios solares é que define a estação do ano. 


Durante o inverno, temos a menor incidência de raios solares em nossa região. Por outro lado, nos países da Europa ou nos Estados Unidos que ficam no hemisfério norte está ocorrendo a estação de verão. 


A chegada do inverno no hemisfério sul ocorrerá astronomicamente às 06h14 do dia 21 de junho e se estenderá até às 22h04 do dia 22 de setembro de 2022, quando dará início à estação da primavera. Nesse dia teremos o dia mais curto do ano em Sete Lagoas com o nascer do sol às 06h30 e seu poente às 17h27. Essa duração do dia depende da localização geográfica considerada, sendo que em Porto Alegre - que está mais ao sul do país, o dia só começará às 07h20. 


Enquanto isso, nos países do hemisfério norte teremos o início do verão com os dias muito longos, sendo que em Paris - na França, o sol irá brilhar no céu até às 22h, durante mais de 16 horas. É, portanto, verdadeira a história do sol da meia noite que ocorre nos países próximos às regiões polares como, por exemplo, na Rússia, Canadá, Suécia, Finlândia e Noruega, onde por vários meses o sol está sempre presente no céu durante as 24 horas do dia durante o verão e somente noite durante os meses de inverno. A determinação da data de mudança das estações está relacionada com os solstícios e equinócios que são fenômenos astronômicos relativos à posição do Sol em relação à Terra. Durante os solstícios, a incidência dos raios solares em relação à linha do Equador está em inclinação máxima, sendo que o solstício de inverno ocorre quando temos as noites mais longas, e no solstício de verão ocorre a noite mais curta do ano.  


Os equinócios ocorrem quando os raios solares incidem diretamente sobre a linha do Equador e determinam o início da Primavera e Outono. Muitas construções pré-históricas demarcavam a posição do Sol para a elaboração dos calendários e definir as épocas de plantio no campo. 
As estações do ano em países de clima tropical não são tão definidas como nas regiões de clima temperado. Durante o outono e nesse início de inverno muitas árvores estão floridas como os ipê rosa, pata-de-vaca e paineiras”.

E o Frio?
Ainda de acordo com o pesquisador, “além da menor duração do brilho solar durante o inverno, os raios atingem a atmosfera em um ângulo oblíquo reduzindo o aquecimento da superfície terrestre em relação às outras estações do ano. Podemos então dizer que durante o inverno o sol é mais “fraco”. Essas condições afetam o ciclo hidrológico uma vez que a evaporação da água fica reduzida, resultando em uma menor formação de nuvens no céu. A ausência de nuvens reduz a proteção contra a perda de calor da Terra para o espaço provocando as baixas temperaturas nas madrugadas.

Essa redução na evaporação das águas tem também o impacto na redução da umidade relativa do ar, aumentando a presença de poeira no solo e ar e ressecamento das plantas, contribuindo para as queimadas e surgimento das doenças relacionadas ao aparelho respiratório. A condensação da água junto com partículas de poeira, fumaça das queimadas e outros poluentes atmosféricos provocam o fenômeno da névoa seca que, apesar de contribuir para cenários maravilhosos durante o nascer e pôr do sol, indica a tendência de perda da qualidade do ar que respiramos. Essas condições prevalecem até a chegada da estação das chuvas, no início do mês de outubro”. 


As previsões
Nesse ano as menores temperaturas registradas em Sete Lagoas ocorreram nos dias 19 e 20 de maio, sendo respectivamente de 3,4 e 3,3 °C, e foram causadas pela formação de um ciclone subtropical ocasionando uma enorme massa de ar polar que atingiu grande parte do território brasileiro. No dia 13 de junho registramos a menor umidade relativa do ar: 14%.


De acordo com as previsões do modelo Global Forecast System (GFS do NOAA), os próximos 15 dias deverão ser de poucas variações nas temperaturas, que irão variar entre 12°C nas madrugadas até 27°C no período da tarde. O céu deve permanecer claro, sem nebulosidade e nenhuma possibilidade de chuvas, com a umidade relativa do ar girando em torno de 25% no período da tarde, ou seja, condições de baixa umidade por um período prolongado. 


Essas condições atmosféricas são favoráveis ao aumento da incidência de raios ultravioleta (UV) e perda da qualidade do ar, em função do aumento de material particulado na atmosfera e maiores concentrações de monóxido e dióxido de carbono, metano, dióxido de nitrogênio, formaldeídos e metano. 


“Esta é a hora de começar a dispensar maiores cuidados com a pele e evitar a exposição aos raios solares nos períodos mais críticos. Para complicar a situação, a incidência de queimadas tem aumentado na maior parte do Brasil”, finalizou Daniel Guimarães. 


 

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