Editorial
Diz o jargão: “apelou, perdeu”. A violência é inaceitável. Física ou verbal. Teatro eleitoral também. Abominável!
Muita hipocrisia no trato da grande imprensa nessa lamentável história da cadeirada do José Luiz Datena no Pablo Marçal, no debate dos candidatos a prefeito de São Paulo na TV Cultura.
Como se a violência não fosse comum no dia a dia do Brasil. A única diferença, no caso, é que foi ao vivo, na TV, entre duas figuras que querem se ascender politicamente. Deveriam dar bons exemplos de cidadania, mas usam estratégias semelhantes para cativar o público: a exploração do mundo cão, da tragédia humana, da fala fácil, do “eu resolvo”, “eu sou o cara”, e etecetera e tal.
Na verdade, é a política como ela é; composta por extratos da sociedade brasileira, cada vez mais sem educação, sem cultura, sem compostura, que vive na base do “farinha pouca, meu pirão primeiro” e do “salve-se quem puder”.
Voltamos aos tempos da chegada da família real portuguesa ao nosso território, em 1808. Quando Dom João VI, fugindo de Napoleão Bonaparte, e protegido pela coroa inglesa, chegou por aqui. Quem lê a trilogia do jornalista Laurentino Gomes (1808/1822/1889), passa a compreender melhor o Brasil e interpretar com mais precisão fatos como este e tantos outros que ocorrem em nosso cotidiano.
O que ninguém cobra de nenhum candidato a prefeito desses é por que não põem na pauta a discussão sobre absurdos cometidos contra o dinheiro arrecadado dos nossos impostos. Por exemplo, porque os partidos deles se unem para aprovar R$ 4,9 bilhões destinados ao fundo partidário. Porque se calam contra a suspensão pelo STF, de multas de R$ 8,5 bilhões da antiga empreiteira Odebrecht, e a esculhambação da Operação Lava-Jato.
Ou, também, a aprovação pelo Congresso Nacional, da Proposta de Emenda à Constituição – PEC -, que perdoa multas de partidos políticos por descumprimento das regras eleitorais, e cria programa de refinanciamento de dívidas das siglas partidárias e permissão da utilização de recursos do Fundo Partidário para pagar multas eleitorais. Ou seja: anistia ampla e irrestrita para todas as irregularidades e condenações de partidos políticos e campanhas.
E imaginar que eles nunca pensam em leis desse tipo para beneficiar a iniciativa privada, que sustenta toda essa farra deles.
Que deem mais cadeiradas uns nos outros, que briguem bastante entre eles, mas exponham a verdade de cada um e de todos os partidos políticos.