Por Cristiane Araújo Costa
Mais um ano se passou e nós aqui, com o privilégio e a benção de estar ao lado dela, celebrando 98 anos. Às vezes, não acredito nisso... É que a força e a grandeza dessa mulher nesse corpo pequeno e que só há pouco tempo assumiu os cabelos brancos, faz a gente achar que o tempo não passa. Que a idade estagnou.
Vocês têm noção do tanto de vida que ela já viveu em uma só? Quantos acontecimentos, quantas memórias e histórias ela construiu? Quantas emoções: alegria, tristeza, coragem, medo, angústia, ansiedade, prazer, afeto, raiva, paz, confiança, frustração, compaixão, ciúme, hostilidade, empatia, amor, surpresa, esperança, ela já sentiu?
Mãe, tenho certeza que a senhora não passa despercebida. Não digo isso pela idade. Mas pela maneira como conduz os seus atos e se posiciona. Sempre se esforçando para que tudo dê certo, se preocupando e tentando cuidar de todos, dar conta de tudo, agindo com firmeza, perfeccionismo, teimosia e energia, “inventando moda” para não ficar parada. Não à toa é arrimo da família.
De onde vem tanta garra e generosidade? Tanta fé e resiliência? Tanto otimismo? Sua vida nem sempre foi fácil: quantos episódios pesados experimentou e, mesmo assim, não tenho notícias de ter fracassado, de ter entregado os pontos. Talvez por eu ser a caçula e ter estado menos tempo ao seu lado...
Obviamente que a senhora não é só elogios. É humana. E desconheço humanidade sem sombras. Mas as suas ficam pequenas diante de tanta grandeza que externa no seu jeito de levar a vida.
Mas sabe o que acho mais inspirador e que me esforço para seguir? É o entendimento de que, apesar de tudo e de todos, temos que ter gratidão pela vida e que ela – a gratidão - deve ser vivida como um valor, que começa com o perdão a si, ao outro e à vida.
Outra coisa que acho o maior barato na sua relação com as pessoas e o mundo é que a senhora sempre esteve à frente do seu tempo. Imagine fazer teatro numa cidade do interior, cursar faculdade, trabalhar como contabilista numa concessionária de automóveis sendo mulher no meio do século passado? E, ainda, casar-se aos 28 anos naquela época? Tem que ter mesmo muito peito!
Também me impressiona o interesse que a senhora tem por tudo. Estudiosos dizem que a curiosidade fortalece a inteligência, aumenta a energia e impulsiona para um melhor desempenho e engajamento. Talvez isso, além da vontade de estar sempre ativa, do seu otimismo – que não deixa a peteca cair -, e da genética fantástica, sejam a explicação por manter a sua mente ativa e o segredo de tanta vitalidade.
Mas cá entre nós, não precisamos dessa explicação, afinal Deus sabe os motivos de tê-la nos emprestado nesta vida! E o que sabemos, com muita convicção, é que a senhora é o nosso presente e o nosso orgulho.
Queremos então, nesta data tão importante, agradecê-la por tudo, pedir perdão pelas vezes que falhamos e, principalmente, dizer em alto e bom tom que te amamos!
*Por Cristiane Araújo Costa
