“A construção civil em Sete Lagoas vive uma crise de mão de obra sem precedentes”

Fundada em 2016 a Associação dos Construtores de Sete Lagoas – Ascon7 -, é uma entidade de aguçado foco político, porém sem objetivos partidários. Ela trata da defesa intransigente dos interesses da construção civil, um dos setores que mais geram empregos e impostos no Brasil.

Dois exemplos da forte atuação da Ascon7, sendo um local e outro nacional: em 2016 a Câmara Municipal votou uma lei de uso ocupação solo que restringia e onerava obras na cidade, especialmente as que beneficiavam a população de baixa renda. Os vereadores se esqueceram que 90% da população de Sete Lagoas ganha abaixo de três salários mínimos. Se a lei tivesse sido aplicada provocaria desemprego em massa e quebraria muitas empresas da cadeia da construção civil. Depois de várias reuniões, a prefeitura e a Câmara entenderam os dados socioeconômicos e argumentos da Ascon7 e repensaram.

“Levamos dois anos para consertar a lei de uso e ocupação do solo, que restringia muitas construções em bairros populares da cidade. Quando conseguimos alterar a lei, passados dois anos, chegou a pandemia. A cidade sobreviveu da construção civil. Imagina se não tivéssemos lutado”.

Exatamente um ano atrás, representada pelo presidente Márcio Teixeira e seu vice, Rogério Chaves, a Ascon7 participou em Brasília do 97° Encontro Nacional da Indústria da Construção – ENIC -, que teve as presenças do vice-presidente da república, Geraldo Alckmin (PSB) e do Ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho (MDB). O assunto principal era a desoneração da folha pagamentos, que estava prestes a ser derrubada pelo governo. Graças à movimentação de várias entidades empresariais e encontros como o ENIC, os políticos foram convencidos a adiar a mudança para 2027. Márcio Teixeira falou ao SETE DIAS sobre a Ascon7 e a importância da participação do empresariado nas decisões regionais e nacionais.


AVANÇOS
MÀRCIO TEIXEIRA:
A evolução da discussão política na classe empresarial brasileira e nas entidades de classe do setor é crescente. Empresário é grande gerador de receitas para o Estado. O ambiente estando harmônico entre setor privado e o estado, reflete positivo agregado econômico. Ultimamente vários empresários estão entrando para política, colocando a cara a tapa. Mas ainda há grande parte da classe empresarial que se mantém à distância, pois a política é uma variável perfeitamente imprevisível


OUTRA PROPOSTA
Há alguns anos as entidades de classe de Sete Lagoas tinham foco mais em atividades de capacitação, palestras e eventos. A Ascon7 surgiu como uma entidade com outra proposta. Apartidária, membros sem lastro ou histórico político, mas com o objetivo de ajudar, reivindicar, participar de melhorias para o segmento da construção civil. Por várias vezes alertamos órgãos públicos sobre as consequências catastróficas em mudanças de leis para a economia local, e evitamos prejuízos enormes para a cidade.


LEIS RESTRISTIVAS
Levamos dois anos para consertar a lei de uso e ocupação do solo, que restringia muitas construções em bairros populares da cidade. Quando conseguimos alterar a lei, passados dois anos, chegou a pandemia. A cidade sobreviveu da construção civil. Imagina se não tivéssemos lutado.
A partir desta vitória da Ascon7, outras entidades começaram a visualizar que tinham que sair fora da caixa e começaram a participar com mais afinco das discussões municipais.


LUTA EM BRASÍLIA
No governo Bolsonaro o empresariado tinha as portas mais abertas. Participamos de várias discussões com ministros, presidente da Caixa Econômica Federal e demais. Infelizmente apenas a Ascon7 em Sete Lagoas, teve esta participação nacional.
Mas acho que as entidades locais avançaram na participação da vida política da cidade.


VARIÁVEIS ECONÔMICAS

Nesses oito anos de Ascon7 vimos tentativas de prejudicar a construção civil de todas as formas. A Caixa Econômica Federal chegou a proibir financiamento de imóvel com geminação de parede, o que paralisaria, por exemplo, a construção civil de Sete Lagoas.
Assustados com aquela lei de uso ocupação solo, que ajudamos impedir, tem investidores daquela época, que nunca mais voltou a investir aqui, por insegurança. Você compra um lote, faz cálculo de “x” unidades para aquele lote, faz margem de preço para aquele imóvel, depois este lote não pode ser mais construído como se previa. Inflaciona o imóvel e pode chegar ao patamar onde o empreendimento não consegue a liquidez no mercado.

DESONERAÇÃO DA FOLHA
Existem setores chaves da economia que se forem afetados, o país enfrentará fortes turbulências. A construção civil é um dos setores com maior índice de empregabilidade. Conseguimos postergar o fim da desoneração, mas em 2027 ela virá.


FIM DA ESCALA 6X1
Um projeto infeliz da deputada (Erika Hilton (Psol/SP), que provocaria inflação ao longo prazo. A produtividade do trabalhador brasileiro é baixa em comparação com outros países. É, por exemplo, 25% da produtividade de um trabalhador norte-americano. Um país com baixa produtividade do trabalhador é tiro no pé. A discussão desta lei é um retrocesso.
Várias empresas irão fechar as portas se essa lei passar. A construção civil em Sete Lagoas já vive uma crise de mão de obra sem precedentes. O mestre de obra, por exemplo. Este você consegue encontrar no mercado, mas o ajudante está muito escasso. Auxílios como bolsa família, têm tirado a mão de obra do mercado.