Atendimentos SUS consolidam HNSG como referência em cardiologia em Minas Gerais

por Renato Alexandre

Seria uma missão impossível contabilizar quantas vidas foram salvas no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) quando levamos em consideração somente doenças relacionadas ao coração. Referência em cardiologia para uma região que integra 24 cidades e mais de 430 mil habitantes, a instituição garante socorro imediato a pacientes da rede pública quando existe a necessidade de cateterismo cardíaco no caso de infarto.

Hospital Nossa Senhora das Graças. Fotos: Assessoria/HNSG

Para se ter uma ideia, no Brasil o índice desse atendimento emergencial fica em 15%. Os números do SUS desta área impressionam. De 2022 a 2025 foram 2.346 tratamentos hospitalares. No mesmo período foram realizadas 2.499 cirurgias cardíacas.

Dr. Antônio Bahia

Na entrevista a seguir, o Coordenador da Cardiologia Intervencionista do HNSG e membro titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Dr. Antônio Fernandino de Castro Bahia Neto, ressalta a importância de uma unidade referência na área, que não para de evoluir, para uma região estratégica de Minas Gerais. Ele detalha a estrutura, modernos procedimentos oferecidos e prova que a população de Sete Lagoas é privilegiada por ter uma estrutura de primeira linha a serviço do Sistema Único de Saúde.

SETE DIAS – Como senhor avalia a importância do setor de cardiologia do Hospital Nossa Senhora das Graças para a microrregião de Sete Lagoas?

Dr. Antônio Bahia – Hoje é um pilar fundamental para o atendimento de alta complexidade cardiovascular nesta microrregião. Isso não só por sua atuação como um hospital terciário, atendendo uma gama enorme de condições patológicas relacionadas ao coração, mas principalmente pelo seu papel primordial dentro da rede de atendimento ao infarto, que é muito bem estruturada.

SD – O infarto ainda é uma das principais causas de mortes no Brasil?

Dr. Antônio Bahia – Não só no Brasil, mas em todo o mundo. A doença isquêmica do coração que é conhecida como infarto do miocárdio é a principal causa de mortes. Mesmo no pico da pandemia da Covid, as mortes não ultrapassaram o número provocado por doenças cardiovasculares, principalmente isquêmicas. O Hospital Nossa Senhora das Graças tem um atendimento de excelência com relação a isso. Enquanto no Brasil cerca de 15% somente dos pacientes com infarto têm acesso ao atendimento emergencial, principalmente cateterismo cardíaco na vigência de um infarto, no HNSG e, consequentemente em nossa região, todos os pacientes da rede pública têm acesso direto e imediato quando é indicado ao cateterismo.

SD – O que representa para o sistema de saúde essa capacidade consolidada de atender bem e em alta escala?

Dr. Antônio Bahia – Isso é motivo de muito orgulho para todos nós da região porque impacta diretamente na redução de mortalidade, na redução de sequelas e na chance de sobrevida com qualidade de vida dos pacientes. Isso graças a um esforço de muitos anos e um trabalho em conjunto do hospital com a Prefeitura e Estado para criar a estrutura atual. Então, isso é um exemplo a ser seguido. Poucas cidades em Minas Gerais têm uma rede com condição tão privilegiada. Esse trabalho de atendimento ao infarto é reconhecido internacionalmente por seu impacto social e na saúde pública.

O Hospital Nossa Senhora das Graças é referência para quais municípios quando falamos de cardiologia?

Dr. Antônio Bahia – A instituição é referência em alta e média complexidades, de forma complementar para o SUS, para as seguintes cidades: Abaeté, Araçaí, Baldim, Biquinhas, Cachoeira da Prata, Caetanópolis, Capim Branco, Cedro do Abaeté, Cordisburgo, Fortuna de Minas, Funilândia, Inhaúma, Jequitibá, Maravilhas, Morada Nova de Minas, Paineiras, Papagaios, Paraopeba, Pequi, Pompéu, Prudente de Morais, Quartel Geral, Santana de Pirapama e Sete Lagoas. Uma área territorial com população estimada em mais de 430 mil habitantes.

Quais tipos de tratamentos podem ser realizados no HNSG relacionados a doenças cardíacas?

Dr. Antônio Bahia – Além do atendimento emergencial e irrestrito do paciente com infarto em evolução, que é a “menina dos olhos”, o hospital trata de uma forma bastante eficiente e com excelentes resultados, várias outras condições patológicas do coração. A doença isquêmica também crônica, por meio de cirurgias de revascularização convencionais, popularmente conhecidas como cirurgia de pontes de safena. Também o implante de Stent coronários para condições fora do contexto de infarto. Procedimentos tanto por cirurgia convencional quanto por catete de tratamento de doenças valvares no coração, correção tanto de insuficiência quanto de casos de obstrução dessas válvulas. Temos um atendimento de arritmias complexas, através de estimulação cardíaca artificial, implante de marca-passos. Também temos condições de implantar o cardiodesfibrilador implantável, fazer tratamentos endovasculares de doenças da aorta, outras doenças vasculares e extracardíacas. Estamos recentemente em um projeto para ampliarmos esse nosso portfólio de serviços, também com a estruturação de uma equipe para eletrofisiologia e tratamento por ablação de arritmias complexas, este é o próximo passo.

SD – Existe planejamento para aumentar esta estrutura de atendimento no HNSG?

Dr. Antônio Bahia – Vale ressaltar que além desses tratamentos avançados, o hospital tem um ambulatório de cardiologia não no nível terciário, mas em nível secundário. E quanto a pergunta, estamos bem na fase final para abertura da nossa unidade coronária, um CTI dedicado exclusivamente ao atendimento das doenças cardiovasculares. Com isso, a prestação de serviço será ainda mais qualificada, diferenciada e focada especificamente nessa condição. Isso vai elevar muito o nosso nível de assistência e qualidade.

SD – Quais procedimentos ou aquisição de equipamentos que podem representar uma evolução na área, implantados nos últimos anos no HNSG?

Dr. Antônio Bahia – O HNSH vem se estruturando nos últimos anos para acompanhar esta evolução tecnológica na cardiologia mundial com tratamentos cada vez menos invasivos e mais eficazes. Hoje, o destaque são os tratamentos por cateter das doenças cardíacas estruturais, sejam congênitas ou adquiridas nas válvulas. Hoje temos condições tratar ou substituir uma válvula aórtica, corrigir uma insuficiência mitral por meio de clips. Também corrigir defeitos no fechamento das comunicações entre câmaras cardíacas por cateter sem a necessidade de fazer a cirurgia peito aberto. Hoje o hospital já conta com recursos tecnológicos e a expertise do seu heart team (equipe multidisciplinar de especialistas em cardiologia) não só na cardiologia intervencionista da hemodinâmica, quanto também da sua cirurgia cardíaca, que trabalha em conjunto, para que a gente possa fazer um tratamento nesse sentido e de forma a oferecer para o paciente os melhores resultados com não só uma menor mortalidade, mas também uma menor morbidade, ou seja, uma recuperação mais fácil, mais rápida e com resultados excelentes.

SD – E os projetos para posicionar o hospital como referência de Minas Gerais continuam?

Dr. Antônio Bahia – Isso é um plano ainda, mas existe também a possibilidade de caminhar no sentido das terapias por cateter para as arritmias complexas, que é o campo da eletrofisiologia. Existe um estudo para a estruturação desse serviço, uma evolução da cardiologia muito grande e que trabalhamos para esse tratamento ser oferecido no HNSG, uma alternativa que tem resultados muito robustos e com grande impacto para a saúde da população.