Casamento oportuno

Por Aloísio Vander

Seria o Espiritismo “uma religião”, ou, como querem alguns, “a religião”, ou ainda, a “religião do futuro”?

Segundo Allan Kardec, as proposições acima estão incorretas.

O Espiritismo não é “uma religião”, porque não se organiza hierarquicamente; não há sacerdócio, cada um é sacerdote de si mesmo; não há hierarquia, basta a obediência aos preceitos evangélicos; não há rituais, pois o único culto necessário é o da caridade e do amor ao próximo; não há paramentos, pois a única distinção deve ser a do que mais serve.

O Espiritismo não é “a religião”, pelos motivos já citados e por não ter pretensões hegemônicas; nem tampouco é a “religião do futuro”, porque ele é a expressão dos fenômenos da Natureza, já intuídos por muitos homens, desde os tempos mais remotos. 

O Espiritismo tem três aspectos: científico, filosófico e religioso [ou moral]. O aspecto religioso decorre de seu aspecto filosófico. Então podemos afirmar com Kardec que o Espiritismo é uma religião no sentido filosófico, porque reconhece: através de operações lógicas a existência de Deus como único e Supremo Criador; a autoridade de Jesus, na condição de modelo de perfeição para a humanidade; comprovando ainda, experimentalmente, a existência do Espírito como entidade imortal e independente do corpo e sua capacidade de comunicar com os homens; o valor e a eficácia da prece, do amor, da virtude, enfim, de toda a ética ensinada pelo Cristo.

Nessa perspectiva, o Espiritismo torna-se poderoso auxiliar de todas as religiões, sem exceção, que adotam preceitos morais e éticos, mas nunca tiveram ocasião de comprová-los objetivamente. Tal como ocorre com os milagres, interpretados pela religião como derrogação das leis divinas, ao passo que o Espiritismo os define e estuda como fenômenos naturais.

Einstein disse que “a ciência sem religião é coxa e religião sem ciência é cega”.

Coube ao Espiritismo promover o casamento entre ciência e religião, curando-as em definitivo de seus aleijões. Aleijões que podem ser traduzidos como sentimento de onipotência, em relação ao saber, por parte da ciência, e a de exclusiva comunhão com o Eterno, em relação à religião.