da Redação
Após “Aos seus pulmões”, publicado em 2023 pela Editora Letramento, Bruna Maia Rocha Aflalo apresenta “Qualquer coisa parecida com esperança”, que será lançado sábado, 22 de novembro, às 18 horas, no Restaurante Villa Imperial em Funilândia.

Se no primeiro livro, escrito durante os anos de hospitalização de sua filha Alice, a autora procurava sustentar a esperança de cura, nesta nova obra já não há fé em milagres, nem promessa de superação. Os relatos que compõem o livro partem da ausência e da necessidade de seguir adiante mesmo quando a vida desmorona. Em textos curtos e honestos, a autora percorre luto, amor, raiva, fé e memória, buscando a força mínima que permite continuar caminhando, se não com esperança, com qualquer coisa parecida com ela.
Alice estava com 11 meses quando adoeceu, em abril de 2019, poucos dias antes de fazer um ano. O diagnóstico de bronquiolite obliterante demorou um pouco a ser fechado, porque a evolução dela foi muito grave desde o início. Ela partiu aos cinco anos, em julho de 2023;
Bruna falou ao SETE DIAS sobre a nova obra, que poderá ser encontrada em livrarias e pela internet.
SD: O que a motivou a escrever “Qualquer coisa parecida com esperança”?
Bruna: Escrevi porque, depois da morte da minha filha, já não existia a esperança que sustentou o primeiro livro. O que restou foi a necessidade de encarar a ausência e buscar um chão possível. O livro nasce dessa urgência de continuar vivendo quando nada mais faz sentido e também do meu desejo de manter a memória da Alice viva em outros espaços além de dentro de mim.

SD: Como foi a experiência do primeiro livro, “Aos seus pulmões”?
Bruna: “Aos seus pulmões” foi escrito durante os anos de hospitalização da Alice, no limite entre medo e esperança. No fim do dia, quando ela dormia, eu registrava o que sentia para não desabar e para sustentar em mim a possibilidade de cura. Foi a estratégia que encontrei para me manter de pé.
SD: Muita gente que leu “Aos seus pulmões” se sentiu mais encorajada para enfrentar os seus próprios problemas. Este era um dos objetivos do livro?
Bruna: Escrevi para sobreviver. Se o livro encorajou outras pessoas, isso mostra que a dor compartilhada cria vínculos e torna o que vivemos menos solitário. O acolhimento dos leitores foi uma surpresa boa e trouxe um aconchego enorme que me impulsionou a continuar escrevendo.

SD: Nesta nova obra os leitores poderão ter o mesmo sentimento?
Bruna: O novo livro não se apoia na esperança. O que ele oferece é companhia. Talvez o leitor se reconheça na fratura, no cansaço, no movimento de seguir sem certezas. Também há nele a tentativa de admitir que algumas coisas simplesmente não têm cura. Ser acolhido mesmo diante de uma constatação tão dolorosa é raro e pode fazer diferença para quem vive algo devastador. Se isso ajudar alguém, já valeu.
SD: Dois livros em dois anos. Isso é o prenúncio de que a carreira de escritora está deslanchando? Já tem novos projetos em vista?
Bruna: Não penso como uma carreira em ascensão. Escrevo porque preciso. A escrita virou um modo de existir na iminência da perda e depois dela. Tenho outros textos e ideias, mas nada planejado como projeto literário no sentido profissional.
SD: Ainda há exemplares do “Aos seus pulmões” disponíveis? Onde encontrar?
Bruna: Sim, ainda há exemplares. “Aos seus pulmões” estará disponível no lançamento de “Qualquer coisa parecida com esperança” e também pode ser encontrado no site da Editora Letramento e na Amazon.






