Transgressão da lei

RELIGIOSAS – POR ALOÍSIO VANDER

A palavra pecado foi grafada 199 vezes no Evangelho.

Paulo de Tarso afirmou aos romanos que “o salário do pecado é a morte”.

Por relacionar pecado a morte, nossa atenção volta-se ao seguinte ensinamento de Jesus: “Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na vida aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno.”

Paulo refere-se à morte como sendo a consequência inevitável do pecado. Nesse caso, faz-se imprescindível conceituemos a palavra pecado, tal qual a entendia o Apóstolo. Para tanto, solicitaremos o auxílio de João Evangelista que, na sua primeira carta, afirma que “todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia”. Na tradução de João Ferreira de Almeida, em vez de rebeldia, encontramos a palavra iniquidade. Ainda noutra tradução do texto, encontramos a seguinte versão: “Todo aquele que peca, transgride a lei, porque o pecado é transgressão da lei”. Os três versículos, perfeitamente coerentes entre si, juntamente com a afirmativa de Paulo, nos inclina a afirmar que pecado, no entendimento dos apóstolos, significa a atitude da alma rebelde que transgride a Lei de Deus, inscrita em sua própria consciência.

Resta-nos, para concluir, buscar o significado de transgressão. Ao recorrermos ao Evangelho de João (13:34), podemos entender que a Lei pode ser resumida nesta fala de Jesus: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós”, significando que a transgressão da Lei patenteia-se em qualquer atitude que signifique desamor pelo semelhante.

Retomando a nossa primeira referência, podemos interpretar a expressão de Jesus “entrar na vida”, como sendo o instante em que o Espírito (depois de amainadas as brasas do remorso na consciência, ainda debaixo de certa dose de sofrimento físico, moral ou psicológico, que são simbolizadas pelas expressões “aleijado” e “coxo”) retoma a consciência de sua imortalidade, aderindo novamente ao programa divino que o reconduzirá à paz de consciência.