Nossa História

A NOSSA HISTÓRIA: Recordar é Viver!

“Diz um velho rifão que ‘recordar é viver’.

29/10/22 - 08:00

Por Amauri da Matta

 Positivamente, as coisas do passado acordam em nós reminiscências tão vivas, que louvamos a feliz inspiração do autor desse refrão. E apologistas que somos de rememorar as coisas que já foram distanciadas pelo tempo, com escafandros de luz, estamos sempre com os olhos mergulhados nos documentos do passado. Presentemente, temos em mão um exemplar do semanário ‘O BINÓCULO’, de 20 de abril de 1913. Repassando, ou melhor, revivendo naquelas páginas uma boa época que passou e não volta mais, uma coluna despertou-me sobremodo. Reportava ela sobre o concurso de beleza processado em nossa terra, naqueles tempos, com a devida apuração. Levados em consideração os votos, apresentava-se o seguinte resultado, em ordem decrescente: Maria Raimunda Rocha, 55 votos; Pery Campolina, 50 votos; Stela Marques, 30; Mariêta Fernandino, 20; Zinha Louzada, 20; Carmen Andrade, 20; Nicota Pena, 10; Mathilde Avelar, 10; Mariquinhas Fernandino, 10; Francisca Bacelar, 10, etc. Sem querermos estabelecer um choque entre as duas épocas, somos forçados a confessar que, antigamente, de toda a austeridade nos costumes, havia mais animação do que hoje. Havia mais estímulos, desse estímulo sadio, nas festas. Cremos nós, que progredimos nas realizações de festejos, mas um julgamento justo nos demonstrará que estamos em legítima decadência. A nossa cidade já possuiu um teatro. Hoje as representações estão condicionadas ao programa dos proprietários de cinemas. O nosso futebol já ostentou situações mais privilegiadas. A nossa música já foi mais credenciada. E assim, de fator em fator, temos de reconhecer a supremacia dos tempos idos. Portanto, senhoritas de então, inventem modas, animem a nossa cidade. E, a propósito, façam um concurso de beleza, pois ainda não nos foi dada a capacidade de reconhecer a mais bela figura dos nossos tempos” (A CRÔNICA DO DIA, Escrita por Justino Justo. Apresentada por Wilson Tanure, na Rádio Cultura, em 31/5/1949, às 11h30min). 

É muito interessante revisitar essa crônica, de 1949, apresentada por Wilson Tanure, lembrando que, nos idos de 1913, Sete Lagoas já havia realizado um concurso de beleza. Parece que o pedido de Justino Justo – pseudônimo do festejado apresentador – acabou sendo atendido, pois JOVELINO LANZA, em sua História de Sete Lagoas (Subsídios), informa-nos que o Concurso de Miss de Sete Lagoas, assim denominado, teve início (ou recomeço) em 1961, sendo eleitas Gilda Abreu (1961), Edna Maria Teixeira (1964), Geralice Aguiar Pinto (1965), Margarida Dolores Ribeiro (1956) e Brenda Vaz de Melo Mendes (1967). Relembra o autor, ainda, que nos anos de 1962 e 1963 não houve o concurso e que Maria das Graças Azeredo Abreu foi eleita a Rainha do Centenário de Sete Lagoas (24-11-1967) – (pág. 190).  
O saudosismo que envolve a crônica de Wilson Tanure, aliado à beleza da sete-lagoana nos remete a um passado romântico, bem diferente dos dias atuais. Beleza que não compreende apenas o aspecto físico, mas todas as qualidades que fazem da mulher a musa inspiradora dos poetas. Esteio da família e conselheira de todas as horas, brilha e encanta, nas rimas do saudoso poeta Renê Guimarães: “Essa, que tem
meu coração já preso. De olhos tão mansos e de passo airoso.
Qual uma fada me fez desditoso. Com a vara de condão do seu desprezo. Pois numa noite de luar aceso. Ela  passou, de rosto tão formoso. Que toda a luz no espaço esplendoroso  Brilhou mais viva pelo céu surpreso!
Desabrocharam rosas nos caminhos. Cantaram, no arvoredo,os passarinhos. Cuidando que era a aurora que raiava!
Quando passou por mim, anjos sorriam.
Meus nervos, como árvores, tremiam. Minh’alma, Como um pássaro, cantava!” (ENCANTAMENTO, Renê Guimarães). Que as mulheres sete-lagoanas continuem brilhando e encantando! 

Amauri da Matta

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